Introdução
O OpenDocument Format (ODF) é um conjunto de formatos de arquivos para aplicações de escritório (edição de texto, planilhas, apresentações de slides, banco de dados, manipulação de imagens, entre outros) desenvolvido com a proposta de oferecer um padrão aberto que pode ser adotado por qualquer pessoa ou instituição. Dessa forma, a distribuição de documentos nesses formatos se torna muito mais prática, já que basta a utilização de programas compatíveis, independente de sistema operacional ou plataforma. Neste artigo, o InfoWester apresenta uma abordagem introdutória ao OpenDocument Format e fornece alguns detalhes sobre suas principais características e vantagens.
O padrão OpenDocument Format
Ao ouvir a pergunta "o que é OpenDocument Format?" ou simplesmente "o que é ODF?" um conhecedor do assunto pode apenas responder "é o formato dos arquivos do OpenOffice.org ou do LibreOffice”. A resposta não está errada, mas está incompleta: a ideia é a de que o ODF seja suportado pelos mais diversos aplicativos, não se limitando a um ou a outro.
Tendo como nome original OASIS Open Document Format for Office Applications, o ODF surgiu por iniciativa da OASIS(Organization for the Advancement of Structured Information Standards), uma organização internacional criada com o intuito de desenvolver e promover padrões para formatos digitais, especialmente para utilização na internet. A base do ODF é um esquema XML inicialmente criado por desenvolvedores do OpenOffice.org.
O ODF 1.0 foi aprovado em 1° de maio de 2005, recebendo a homologação ISO 26300, atestando sua qualidade. Por se tratar de um padrão livre, qualquer software pode implementá-lo. Para incentivar esse prática e para aperfeiçoar o padrão, em março de 2006 foi criada a ODF Alliance (que também já é representada no Brasil), tendo como membros diversas companhias e entidades, dentre as quais: Corel, EDS, IBM, KDE, Mandriva, Novell, Oracle, Exército Brasileiro,Red Hat, phpMyAdmin, GNOME, Bull, entre outras.
Tipos de arquivos em ODF
Como já dito, o ODF tem como foco aplicações para escritório, isto é, editores de texto, planilhas de cálculo, apresentações de slides, bancos de dados, manipuladores de imagens, enfim. Assim, é conveniente conhecer os tipos de arquivos que formam o ODF. Para isso, a relação abaixo associa o tipo de aplicação à extensão usada:
Extensão | Aplicação |
.odt | Texto |
.ods | Planilha de cálculo |
.odp | Apresentação de slides |
.odb | Banco de dados |
.odf | Fórmula matemática |
.odg | Gráfico |
.odi | Imagem |
Há também extensões específicas para templates, isto é, documentos que servem como modelos:
Extensão | Aplicação |
.ott | Texto |
.ots | Planilha de cálculo |
.otp | Apresentação de slides |
.otg | Gráfico |
Vale frisar que os tipos de arquivos ODF não se limitam a estes.
Estrutura de um arquivo ODF
Quando um documento em ODF é criado, na verdade, um conjunto de arquivos e pastas o constitui. Eis os principais:
- content.xml: arquivo que armazena o conteúdo do documento criado pelo usuário;
- meta.xml: armazena os "metadados" do documento, ou seja, informações como autor, data de modificação, quantidade de palavras, etc;
- styles.xml: contém estilos para o documento, por exemplo, formatações específicas para parágrafos e listas;
- Pictures (pasta): pasta que armazena as imagens do documento.
Esses e outros arquivos ou pastas "se juntam" para formar um documento único no final. É claro que os arquivos e pastas variam conforme a extensão trabalhada, mas o princípio vale a praticamente todos os formatos do ODF.
Razões para usar o ODF
![]() |
OpenOffice.org: gratuito e disponível para diversos sistemas operacionais, já suporta ODF
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A adoção de padrões abertos tem muitas vantagens, do contrário, organizações como a OASIS não existiriam. Imagine, por exemplo, que autoridades de um país têm dificuldades em transmitir documentos ao governo de outra nação porque este utiliza formatos diferentes. Oras, basta que ambos os lados utilize o Microsoft Office, não? Mas não é bem assim.
O Microsoft Office (MS-Office) é um produto de excelente qualidade e conta com recursos inexistentes em outras suítes de escritórios, no entanto, é um pacote pago. Isso significa que, dependendo da instituição, o preço das licenças para cada computador pode ser elevado. Além disso, por se tratar de um produto proprietário e de código-fonte fechado, desenvolvedores de outras suítes de escritório acabam enfrentando dificuldades para criar programas compatíveis com os formatos da Microsoft.
Por outro lado, com a utilização de formatos aberto, isto é, formatos onde o código-fonte está disponível para qualquer pessoa ou entidade, os desenvolvedores conseguem saber facilmente o que fazer para que seus softwares sejam compatíveis com o padrão. Com isso, os documentos sempre se comportarão da mesma forma (ou pelo menos quase), independente do aplicativo usado para manipulá-lo.
Além disso, o padrão aberto possibilita resultados de maior qualidade, já que um número maior de entidades participa de seu desenvolvimento, aumentando os critérios de avaliação, implementação de recursos e segurança. Isso ocorre porque as instituições envolvidas querem melhor desempenho, comunicação mais eficiente, maior proteção e uso inteligente de recursos computacionais. É difícil assegurar isso quando apenas uma empresa cuida de tudo.
Há outros aspectos a se considerar: cada empresa utiliza plataformas que atendem as necessidades de seus negócios, mas o mercado, cada vez mais, exige comunicação e interoperabilidade. Sendo assim, pode ser um desperdício de esforços e de dinheiro preparar versões específicas de um mesmo documento para que ele seja acessível a cada um de seus destinos. Para entender melhor isso, vamos a um exemplo mais próximo da realidade: imagine que um redator de uma revista utiliza apenas GNU/Linux. Certo dia, esse editor recebeu uma planilha de cálculo complexa feita em MS-Excel, mas o documento não abriu corretamente no OpenOffice.org, suíte de escritório instalado em seu computador, por causa da grande quantidade de recursos usados no arquivo. Como ele não pode (e talvez não queira) gastar dinheiro comprando uma licença do Windows e depois uma licença do MS-Office, o redator é obrigado a incomodar um colega que utilize esses softwares. Culpa do OpenOffice.org, que não consegue abrir um documento mais complexo do Excel? Não, pois os formatos da Microsoft são fechados, ou seja, só a empresa sabe ao certo como são constituídos. Por causa dessa limitação, os desenvolvedores do OpenOffice.org (e de outras suítes de escritório) não conseguem garantir 100% de compatibilidade, por mais que se esforcem.
Imagine então o que aconteceria se uma empresa que sempre trabalhou com um padrão pouco conhecido se visse forçada a usar outra solução porque a fornecedora da primeira faliu? O que fazer para acessar os documentos criados até então, visto que o novo conjunto de software é incompatível com o padrão anterior?
Daí já é possível imaginar as vantagens dos formatos abertos, como o OpenDocument Format. Em resumo, padrões abertos se preocupam com interesses globais e dão ao usuário maior liberdade de escolha quanto aos softwares que deseja utilizar.
Softwares compatíveis com ODF
O número de softwares compatíveis com OpenDocument é cada vez maior. Isso é muito positivo, pois quanto mais um padrão for conhecido, mais compatibilidade ele encontrará no mercado. A lista a seguir mostra os principais softwares que trabalham com ODF, mesmo que parcialmente. Uma lista completa e atualizada pode ser acessada neste link, da Wikipedia:
Programas de escritório:
- LibreOffice (a versão brasileira deste se chama BrOffice.org);
- OpenOffice.org;
- Abiword;
- StarOffice;
- KOffice;
- IBM Lotus Symphony;
- Microsoft Office 2007 e 2010 (com ressalvas).
- OpenOffice.org;
- Abiword;
- StarOffice;
- KOffice;
- IBM Lotus Symphony;
- Microsoft Office 2007 e 2010 (com ressalvas).
Aplicativos on-line:
Outros:

Google Docs: compatível com o formato .ods
Finalizando
O OpenDocument Format ainda é um incógnita à grande maioria dos usuários "comuns", mas sua adoção cresce em várias partes do mundo, especialmente nos meios corporativos e governamentais. No Brasil, por exemplo, o ODF já conta inclusive com aprovação da ABNT, que aconteceu em 2008 (norma NBR ISO/IEC 26300). Além disso, o desenvolvimento do padrão não para: o ODF está dividido em versões como 1.0, 1.1 e 1.2. Isso indica que há toda uma preocupação em melhorar os formatos do ODF, assim como em torná-lo adequado às mais diversas aplicações.
Como se percebe, não é o desejo de derrubar um padrão proprietário que motiva a existência do ODF, mas sim a necessidade de interoperabilidade e compatibilidade na manipulação e distribuição de documentos. É claro que esse não é um trabalho fácil: além de convencer usuários, o ODF também precisa lidar com propostas concorrentes, mais precisamente com o Office Open XML (OOXML), conjunto de padrões proposto pela Microsoft. Embora seja possível a ambos "conviver pacificamente", é inegável que há conflitos de interesses entre os dois lados.
Para mais informações sobre o ODF, os seguintes sites, que serviram de referência para a elaboração deste texto, são indicados:
- ODF Alliance;
- Wikipedia;
- OASIS;
- OASIS OpenDocument Essentials;
- Lista de compatibilidade (Wikipedia);
- Livro Adotando o ODF como Padrão Aberto de Documentos (gratuito).
- Wikipedia;
- OASIS;
- OASIS OpenDocument Essentials;
- Lista de compatibilidade (Wikipedia);
- Livro Adotando o ODF como Padrão Aberto de Documentos (gratuito).
Escrito por Emerson Alecrim - Publicado em 11/09/2006 - Atualizado em 10/02/2011
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